"Nós estamos em uma crise social que sabemos as causas, mas não sabemos como sair dela.
A
razão para ambos os problemas é o funcionamento dos sistemas dinâmicos.
Acreditamos que a nossa sociedade humana é especial. Mas não somos mais
que sistemas dinâmicos de agentes em interação.
Em nossas
ações, alteramos as condições ao nosso entorno que regem o fluxo geral e
global; social de um lado, e do ar no outro; sem saber que as mudamos, e
sem poder ajustá-las.
O funcionamento social baseia-se em
habilidades adquiridas; primeiramente na escola, e depois ao longo da
vida; Habilidades que são cada vez mais condicionadas pela história dos
grupos humanos que compõem a sociedade. Leva-se muito tempo para
aprender essas habilidades, que uma vez aprendidas, (e que é o objeto da
aprendizagem) é quase impossível de mudar.
As revoluções têm
sido quase que unicamente, a forma de modificá-las, pelo menos na nossa
cultura ocidental. Mas elas não são as únicas.
Menos mal.
[...]
É
possível que os cidadãos assumam que seus direitos não são derivados do
nascimento, mas de suas obrigações e responsabilidades, e que essa
mudança ocorra em um ano? É quase impossível em uma sociedade
democrática.
[...]
De forma similar à mudança social,
ao longo de dois séculos temos mudado a composição da Atmosfera. Agora a
Atmosfera tem direitos, mas não obrigações. Voltar à situação original,
ou, simplesmente, limitar o crescimento de CO2 é impossível dentro da
estrutura energética em que está baseado o funcionamento do sistema
dinâmico, que é a sociedade.
[...] o que resta é nos adaptarmos a uma nova situação que nós mesmos temos criado. [...]
Da
mesma forma, numa situação de mudança climática, é impossível irrigar
nossas lavouras. E a pressão migratória nos terá fazer que assumir a
integração social de milhões de pessoas de outras culturas e
com carências de formação consideráveis.
O trabalho que temos é
adaptar às novas condições do nosso entorno, mas é uma tarefa realmente
difícil, porque até os mesmos maestros (de professores à políticos)
mantêm um trabalho antigo, tradicional, [...] e as propostas de mudanças
climáticas recebem a rejeição insultuosa de muitos aqueles quem as vão
dirigir sua gerência de adaptação.
Das crises saem, às vezes,
uma nova estrutura social mais dinâmica. Isso aconteceu durante as
crises (revoluções sangrentas) inglesa e francesa dos séculos XVII e
XVIII.
Mas das crises dos impérios romanos e islâmicos saíram séculos de miséria.
A
mudança já chegou e não podemos revertê-la. Nos resta ainda a
possibilidade de sair dela no positivo ou no negativo, como na
Inglaterra de Cromwell, ou na Roma, de Marco Aurélio.
Ainda nos resta algum tempo.
O que nós escolhemos?"
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>> texto de Antonio Ruiz de Elvira, publicado no Portal "El Mundo.es" [traduzido]
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