segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Meus desatinos

Desde minha mais tenra idade, sonhei em escrever um livro. Um devaneio da infância, mas que, para meu dissabor, continua vivo.

Talvez não haja para mim algo mais frustrante. Como é duro ter nascido no século XX.

Em meio a pensamentos que podem ser julgados blasfemos, sou cercado de ideias, reflexões e indignações, afinal, o que mais pode ser inventado? O que mais pode ser criado ou escrito ou cantado ou falado ou...?

Shakespeare já escreveu Romeu & Julieta, Machado de Assis já escreveu Memórias Póstumas de Brás Cubas, bem como já criou a polêmica de Capitu. Elvis já morreu com seus Blue Suede Shoes; James Brown já aposentou sua Sex Machine; Mozart e Beethoven já nos brindaram com as suas sinfonias; a televisão já foi inventada; o rádio já foi criado e substituído pelo walkman, que foi substituído pelo discman, que por sua vez pelo MP3 Player, que a esta altura já deve haver o MP50; Armstrong já foi à Lua.

“And I think to myself, what a wonderful world.”

E eu penso com meus botões: What’s new Scooby Doo? O que que há velhinho? E agora José?

Eis a minha frustração. De nunca ter pensado coisas óbvias e que se tornaram grandes inventos ou sucessos, como a invenção do fósforo, da linha de unha, do cotonete, da calça jeans,  da vassoura ou do garfo.

Sei que isso pode parecer inveja ou loucuras de uma mente possessiva, mas ora, quem nunca se sentiu assim?

No meu mundo, mundo, vasto mundo, sempre quis fazer algo que auxiliasse a todos de alguma forma. Pena que não obtive êxito.

Enquanto isso, estarei caminhando contra o vento sem lenço e sem documento, por esta Terra de Santa Cruz, fazendo isto que faço.

Reinventar as ideias, repintar as paredes da imaginação e, acima de tudo, reciclar este pequeno ser humano, cujas utopias e quimeras são maiores que os passos que seus pés podem dar.

► texto de Jonatan Rocha do Nascimento (Blog "O Púlpito")

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