terça-feira, 26 de março de 2013

Bullying


O bullying não é algo novo. O termo, talvez, pode ser considerado assim. Há muitos se tem a ocorrência do bullying, no entanto, há pouco tempo surgiu um vocábulo para designar tais acontecimentos.

Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.” (Fonte: Brasil Escola)

Muito se questiona a respeito do bullying. Fala-se que a prática acontece por culpa daquele que é agredido (usarei este termo, assim como sinônimos, para descrever todos os tipos de agressão praticada pelos “bullies”), fala-se que a culpa é dos pais ou da escola, fala-se que a culpa é da sociedade, fala-se que a culpa é do agressor. Pois bem, vamos discutir acerca disso!

Já ouvi pessoas banalizarem o bullying, dizendo que é normal, que acontece com muita gente, mas esquece-se que o bullying, de fato, é algo que vai além de pequenos insultos. Brincadeiras de colegas, pequenas zoações e coisas do tipo, isso sim são comuns, são coisas que fazem parte do convívio das amizades, das conversas descontraídas, das brincadeiras de amigos, enfim. O bullying ultrapassa essas categorias de atitudes. Acredito que para se falar de bullying, só sabe da importância dessa discussão quem já passou por isso ou conhece de perto uma história de quem foi/é vítima dos “bullies”. Como todo e qualquer problema, a solução tem que vir a partir da descoberta do que provocou o início do infortúnio, e a partir daí, tomar as decisões necessárias e cabíveis para que seja solucionado (o que não é algo fácil).

Esse revés, assim como muito do que tem de ruim na nossa sociedade, é uma questão estrutural. Vivemos em um cotidiano estressante, somos bombardeados de informações todos os dias, influenciados a ser de tal maneira, a ter isso, usar aquilo, temos que nos preocupar com nossas famílias, escola, saúde, segurança, alimentação, contas a pagar, transporte etc., etc., e etc. É claro que não devemos culpar o modelo da nossa sociedade por tudo, mas conta e não é pouco. Educar um filho é difícil! Temos, a princípio, que sermos educados para poder passar os ensinamentos adequados às crianças. Imagine, agora, uma família desestruturada, com pais desempregados (se/quando tem a figura dos pais) e sem instrução e/ou que não investem ou não conseguem investir em uma educação adequada para as crianças [me refiro às crianças porque é a partir dessa fase que começam as percepções de mundo, que se afloram com o passar do tempo até chegar à maturidade, portanto, daí a importância de uma instrução adequada logo cedo]. As “crias” dessa família tendem a ser influenciadas pela realidade bruta das ruas, das influências dos outros. Não se tem uma criticidade adequada do que se faz, das atitudes que se tomam. A partir daí, as práticas do bullying não têm como culpado o agressor de uma maneira direta, sequer da sua família, mas sim da falta de condições e de oportunidade que essas pessoas não tiveram. Seus direitos básicos foram negados pelo Estado.

No post em que falo de ensino domiciliar, coloco as mesmas condições que seriam as causas para os problemas, que, como já citei, é a questão estrutural. De fato, creio que seja essa a base que causa muita discórdia da nossa sociedade, de uma maneira geral. Questões como roubos, assaltos, drogas, prostituição, entre outras, eu acredito que tenham como causa o que estou defendendo aqui e que defendi na matéria que escrevi sobre ensino, assim como na de cotas. É claro que não podemos ser ingênuos a ponto de pensar em uma questão unitária como a causa de todos os conflitos vivenciados pela nossa sociedade, existem sim gente de má fé que praticam atos imperdoáveis e que não condizem com a conduta moral e ética a qual essa pessoa tem ciência. É muito fácil apontar para uns ou outros e dizer “foi você” ou “a culpa é sua”, difícil é ter autocrítica e perceber o quão errôneo é tomar esse tipo de atitude e depreender a importância que tem tornar público tais questões, sem que a identidade da pessoa seja posta em risco e sua integridade seja ferida, para que se possa discutir e tomar decisões em conjunto a fim de resolver o impasse.

A indagação pedagógica, já que o bullying é uma prática mais comum nas escolas (ou pelo menos é o que a mídia nos faz pensar), é um ponto a ser bem estudado. Será que a instituição de ensino tem culpa no cartório? O funcionamento da escola é algo facilitador das práticas de bullying? A partir desses questionamentos podemos fazer um link com a matéria “Ensino Domociliar x Escolar: o confronto é justo?”. Nesta matéria, defendo as escolas como o local para se praticar o processo de ensino-aprendizagem, e não a residência. Coloco o motivo financeiro como um dos fatores a qual defendo a escola. Abordo também o convívio social e a instrução da família que praticará o ensino a seus filhos. Será que isso tem relação com o bullying? Com o ensino-aprendizagem sendo feito em casa, (muito provavelmente) não teria-se o bullying, mas acredito que isso não é suficiente para defender a residência como local adequado para a educação [neste caso, o ensino-aprendizagem não é suficiente para ser abordado, há necessidade de se levar em consideração a educação], há uma série de outros fatores a serem julgados. Voltando à discussão anterior, a pedagogia das nossas escolas não dá conta sequer das demandas dos professores em relação aos seus trabalhos em sala de aula. O professor, de certa forma, não consegue se impor em relação ao que ele acha necessário, importante e insubstituível no que se trata de suas atividades docentes. Não consegue, ou melhor, não pode fazer o que acredita que tem que ser feito para que seus alunos tomem posse do conteúdo da disciplina em questão. Se o professor não tem a autonomia que gostaria e deveria ter para instituir suas aulas, a escola como um meio instrutor no quesito educacional e não só de ensino-aprendizagem, não tem condição de se fazer de modo que seu funcionamento seja inibitório das práticas de bullying.



Concluímos que o bullying é algo que possui várias vertentes de análise e cada uma destas com seus conflitos particulares, que explodem e acabam tendo suas consequências (negativas), e uma delas é o próprio bullying.


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