Costumamos fazer aos outros o que fizeram ou fazem à gente, de uma forma ou de outra. Mas não sou mau. Não posso nem conseguiria. Mas me assombram coisas aqui dentro. Um sentimento de vingança que não sei até quando poderá ser derrotado pelo meu próprio eu.
É difícil conseguir entender repostas para os mais variados porquês. Quando há respostas, é preferível inventar um mundo imaginário e vivê-lo. Tamanha complicação desta triste e amargurada vida sem consentimentos, sem perdões, sem atenções, sem averiguações. Será que existem corações? Poeticamente bonito, o coração leva a fama de abrigo dos sentimentos. Palpitando ou em lástima, o soldado protegido pelo miocárdio não passa de um personagem criado pelo maior dos românticos roteiristas que o fez vítima das sensações e emoções, enquanto o coitado do cérebro perde função e ainda se torna opositor do mais vermelho dos órgãos.
Pobre cérebro, que não consegue armazenar o que se quer por ter que conviver com as mais tenebrosas experiências sociais que o deterioram. Maldita vida. Pare, coração! Pare! Isso você pode fazer e/para aniquilar o sistema.
O fazer aos outros enfrenta o que os outros me fazem. Tudo versus nada. É como parece ser, ou de fato, é. Não percebo movimentos que me levam para um bom viver, um bom lugar, onde eu possa, enfim, morar. A casa onde habito não passa de uma edificação endereçada. Morar é diferente. É outra coisa. E deve ser incrível. Ah, como eu queria morar! Transformar um algo em lar.
É difícil ser quem se deseja ser quando a cada segundo há de se enfrentar gigantes dragões famintos de penúria. Pobre eu. Mal tenho para mim. Tenho que oferecer aos outros. Malditos dragões. Consumidores de alma. Seus faros detectam meu frágil ser e ainda o suga ao extremo. Como podem não sofrer retaliações? Será que precisará do tal do juízo final para enfim minha hora chegar? Se for assim, que seja, então, logo, já. Não aguento mais escrever uma biografia aos prantos, amargurada. Minha expressão facial me denuncia. Não mais consigo disfarçar. É muito para um ser tão pequeno que tem que absorver nuvens densas de cinzas, que intoxica, mata aos poucos. Novamente tornam as teclas do meu computador alvo de água salgada fruto de escritas amarguradas em tristeza sem fim. Ao relógio, e ao acaso, imploro por resposta rápida. Não gosto, não costumo pedir, mas dessa vez está demais. Imploro por um fim.
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